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O metrô

  • Camila Silva
  • 19 de jun. de 2016
  • 4 min de leitura

Estava agora remoendo na cama, de um lado para o outro, até que me veio isso na mente e acredito que seja o motivo da minha insônia. Nem faço muita questão de contar essa história, mas caramba, é impossível não me esquecer.

Não contarei nada além do que vocês precisam saber, apenas o essencial para que possam capturar esse fato.

Era um dia comum, ensolarado dessa vez, depois de uma semana inteira de chuva. Acordei com aquela vontade imensa de voltar para a cama (maldito trabalho dos infernos). Me dirijo ao metrô semanalmente, assim facilita a minha chegada ao trabalho. Mas, por incrível que pareça, a minha história se passará num transporte público.

Lá estava eu, tentando entrar em um metrô em horário de pico, mas que ironia do caralho. Até parece que é uma situação tão fácil assim...

Depois de muito tempo na espera daquela merda, consigo o meu lugar. Assim que entrei, rapidamente me sentei (mas que sorte, algo muito difícil de se acreditar logo num horário de pico).

De longe avistei uma maravilha de homem, porra o cara era muito lindo. Confesso que me fez me desmanchar em suspiros, minhas mãos suavam frio. O engraçado era que nunca havia visto ele e sentido algo parecido somente ao olhar um homem. Ele tinha um par de olhos verdes, um sorriso magnifico, seus músculos transpareciam em sua camiseta preta, seu corpo tonificado era algo muito prazeroso.

Quando o metrô foi se esvaziando, permaneci sentada até ver a sua troca de estação (nossa que idiotice minha, nem conheço esse homem e já estou o seguindo). Por incrível que pareça, acho que ele percebeu o jeito que eu o olhava e veio logo sentar do meu lado.

“Puta merda, deve ser uma tentação do diabo, só pode. Tanto lugar para sentar e ele senta logo aqui, do meu lado” pensava comigo mesmo.

- Que milagre essa estação estar vazia – disse aquele belo moreno.

Naquele momento meu mundo parou, que sensação louca, sua voz era tão tranquila. Por um momento queria pegar ele e rapidamente levá-lo para a minha casa.

- Realmente moço – respondi envergonhada.

Papo vai, papo vem e ele se despede de mim e se dirige para a saída da Estação da Luz (lembro perfeitamente a estação de seu desembarque, é muito amor mesmo). Nem me pode me falar seu nome e eu, muito menos pude me apresentar. Mas seu rosto já estava gravado na minha mente, impossível me esquecer tão rápido assim.

Por pouco não descia na estação errada. Logo me direcionei para a minha casa, já havia perdido o dia em meu trabalho, tanto que nem adiantaria ir para lá mesmo.

Mais em todo o meu percurso, o seu cheiro, sua voz e seu rosto vinha em minha mente.

Depois de uns 20 minutos que havia chegado em casa, minha mãe toca a campainha, dei uma pausa no filme que estava assistindo pela Netflix e logo fui correndo para atende-la. Por mais louco que seja, o tal homem ainda permanecia em minha mente.

- Se arruma filha, vamos para a casa da sua irmã – disse ela.

Juro que o meu pensamento estava tão longe, que nem a respondi.

- Você viu a noite como está linda? – Exclamou minha mãe.

Tudo que ela me perguntava ficava sem resposta, nem tinha capacidade para parar de pensar e de responde-la.

- Filha? – Disse ela preocupada – o que você tem? Está pensativa desde a hora que eu cheguei, nem falou comigo direito.

- Desculpa mãe, estava distraída – respondi com uma voz baixa – mas não quero ir não mãe, estou cansada, quero descansar, minha cabeça está doendo.

Minha mãe me olhou com uma cara zangada e logo começou a sua chantagem de sempre (isso era de lei já).

- Não acredito que você não vai filha, sempre é a mesma coisa, você sempre está com dor de cabeça e prefere ficar aqui nesse muquifu de apartamento sozinha – disse ela em um tom irritada – vamos ela fez aquela salada de maionese que você tanto gosta, é rapidinho, seu pai já está chegando para nos levar.

Pense numa mulher para fazer chantagem emocional? Pois bem, essa era a minha mãe.

- Está bom mãe, eu vou que saco! – Respondi em um timbre alto.

No caminho até na casa da minha irmã, me dava de cara com ele no meu pensamento, me entristecia e me alegra em questão de segundos, que irônico da vida, não?!

Mais vamos cair na realidade, de que as minhas chances de vê-lo novamente eram nulas. Mas minha mãe sempre dizia, que nada é impossível! E disso, eu nunca duvidei. E, vai que numa dessas estações da vida, eu poderia vê-lo de novo, mas isso tudo, só se o destino fosse tão bom comigo.

Na casa da minha irmã, meu pensamento ainda estava vibrado naquele indivíduo. Até que decidi dançar e beber muito para esvaziar a mente, talvez assim o álcool me ajudaria a me distrair. Tinha vários amigos da minha irmã naquele lugar, até que decidi enturmar com aquela galera e curtir a noite.

Depois de dois goles de bebida, estávamos dançando bem loucos já. Nem eu mesma me reconhecia, me sentia zonza pra cacete, e depois de algumas horas resolvi voltar pra minha casa, já que no dia seguinte tinha que ir trabalhar. Assim que cheguei em casa, nem tirei a roupa que estava e fui direto para debaixo dos lençóis. Meu dia já havia sido exaustivo demais e depois daquelas bebidas todas, tudo que meu corpo pedia era descanso.

No dia seguinte acordo com um puta sol na minha cara, minha cabeça latejava muito, quando me deparei para o relógio já eram onze e meia da manhã. Caraca, já havia perdido mais um dia de trabalho e eventualmente havia perdido meu emprego, por essas duas faltas seguidas.

E pior, havia perdido a chance de vê-lo novamente, naquela estação das manhãs de São Paulo.


 
 
 

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