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A sorte

  • Amanda Lisboa
  • 21 de jun. de 2016
  • 9 min de leitura

Meu psicólogo me disse que deveria contar a alguém tudo o que se passa em minha mente, mas como não tenho ninguém para conversa resolvi escrever, como faço sempre. Amo escrever composições, é uma maneira de me expressar, através da musica.

Meu nome é Natacha, estou fazendo faculdade de administração algo que gosto muito. Mentira meu querido pai me obrigou a fazer essa porcaria de faculdade, sempre quis estudar musica mas ele disse que musica é algo pra alguém com sorte. Coisa que eu não tenho, fazer o que é a vida. Mas um dia essa minha sorte mudou, quer dizer mais ou menos né.

Estava eu lá na sacada de meu quarto, como sempre compondo, com uma vista para a linda praia de Miami, nada em minha mente vinha para compor, mesmo com aquela linda vista a minha mente estava zerada.

- Que merda ! grito comigo mesma.

Quando me deparo com uma cena engraçada, de um menino caindo de skate, tentei não rir mas foi difícil conter, começo a rir como besta e logo vejo que o mesmo me encara e sinto meu rosto arde de vergonha naquele momento.

- Por que está rindo de mim garota? – Grita o menino na rua.

- Desculpa não pude resistir a uma cena tão hilária.

-hahah super hilário. - Diz o garoto indo embora.

Desço para sala e resolvo assisti algum programa na TV, quando ouço meu pai entrando em casa cansado. Cansado! Só se for de roubar dinheiro dos outros , meu pai é vereador da cidade, e digamos que ninguém aqui em casa gostou desse ideia de ele virar vereador. Além do mais que seu comportamento como pai mudou, de melhor para pior. Ele ficou mais agressivo, e mais severo.

- Boa tarde pai .

- Boa filha , estou cansado então vou dormi, só me acorde quando for a hora do jantar ok?

- Ok! Cansada esta eu de ficar aqui dentro dessa prisão. – falo sarcástica.

- O que você disse menina?

- Nada não vai lá descansar vai .

Fico entediada e resolvo ir dar uma volta na praia pra ver se consigo me distrair um pouco. Caminho pela areia com meu caderno de composição nas mãos até chegar perto de uma pedra, em um lugar bem distante das pessoas na praia, subo em cima da pedra e sento observando o lindo mar e algumas crianças brincando na agua. Resolvi sai dali pois tinha muita alegria e felicidade para minha pessoa, não que eu não goste de ser uma pessoa alegre e que eu não goste da alegria e tals, e que eu já não acredito na alegria e nem na felicidade. Fazer o que né as pessoas te machucam, te trai e você fica assim desacreditada, vamos ser real né minha vida está uma merda.

Bom lá estava eu andando pela cidade, vagando pelas ruas sem destino algum. Olho meu relógio e vejo que estava um pouco tarde, bom não para mim pois era 20:00 da noite, mas para meu pai sim. Sim ele é rígido com o horário se ninguém estiver em casa no horário dele a coisa fica feia e MUITO.

- Que dia mais merda esse em! –falo entrando em casa e dou de cara com meu pai que me esperava na sala.

- Agora mocinha? Você sabe que não gosto quando chegam a essas horas. – Fala e logo viro indo para cozinha aonde encontro minha mãe.

- Oi minha veia!

- Oi minha princesa. – Diz com a voz um pouco abafada

- Mãe tudo bem ? – Digo indo até ela e vejo uma forte marca em teu rosto. Olho indignada como meu pai pode fazer isso com ela.

- Foi ele? –Pergunto e ela assente a cabeça em sinal de sim. – Você tem que denuncia-lo viu ele não tem direito de te tratar assim.

Depois de termos conversado colocando o nosso assunto em dia e minha mãe ter resolvido denunciar meu pai, resolvo ir dormi pois estava muito cansada dessa minha vida.

Acordo e me arrumo para ir para faculdade, desço para tomar café e logo saio com o carro em direção a faculdade. Bom como eu não quero viver pelas vontades do meu pai resolvi mudar de curso, minha mãe me apoiou a mudar, pelo menos uma nessa casa me apoia.

- Agora posso estudar musica. – penso comigo mesma

Resolvo ir tomar um café com algumas amigas, marcamos de nos encontrar as 17:00 da tarde e como eu sou muito pontual né, só que não, resolvo sair um pouco mais cedo da facul e vou para a cafetaria de minha amiga Bia, chego e vejo que as outras ainda não haviam chegado, pego um café só que um retardado metido a besta derruba café em mim, deixando minha camisa de branca para marrom, aí que lindo.

- Não olha para aonde vai, garoto? Que merda, manchou minha camisa.

- Desculpa –Diz mexendo em seu celular e sai com a cara ainda grudada no mesmo.

- Bia vou indo diz as meninas que houve um imprevisto. – Digo já irritada com a situação, saindo da cafetaria e indo em direção ao meu carro logo sinto alguém tocando em meus ombros, viro para ver quem era e dei de cara com o garoto que havia caído de skate na minha rua, e o mesmo que havia derrubado café em mim. – Tá de sacanagem né, sério você fez de proposito não fez?

- Não juro que não, nem sabia que era você.

- Imagina se soubesse.

- Olha só vim te dar esse café já que derrubei o seu, mas se não quiser eu posso ficar com ele. – Diz o garoto me mostrando o café em suas mãos, que logo pego.

- Tá com veneno não né?

- Só um pouco – Diz sarcástico, e eu o olho assustada -Brincadeira...Ah e desculpas por ter manchado sua blusa.

- Ah não foi nada. Mentira tu manchou minha linda blusa branca isso não se faz cara. –Digo brincando com o mesmo que me olha rindo da situação.

- Vou indo ãh? Diz querendo saber meu nome

- Natacha!

- Ah então o nome da linda menina que riu da minha cara é Natacha.

- Sim, e o seu é ?

- Miguel. Bom vou indo nessa até mais Nat, posso lhe chamar assim?

- Pode sim, até.

Chego em casa e vejo que minha mãe ainda não havia chegado do trabalho, e meu pai dormia no sofá. Subo para meu quarto e resolvo ir escrever no caderno, mas sou interrompida pelo meu pai que entra nervoso em meu quarto.

- Cadê sua mãe?

- Não sei pai eu cheguei agora e não há vi.

- Não mente para mim Natacha Lopes.

Ele nunca me chamou assim, o que deu nesse louco, a ultima vez que ele me chamou assim foi quando disse que iria fazer minha faculdade de musica e que me mudaria para Austrália, será que ele descobriu que troquei de curso e que mamãe me apoio a trocar.

- Natacha me reponde logo. Grita me tirando dos meus pensamentos

- Eu... eu não sei pai juro que não sei onde ela tá. Mas por que toda essa raiva? Ela não fez nada para te deixar assim. – Digo levando um tapa do próprio.

- Você acha que não sei que você trocou o curso sem minha permissão. – Diz deixando a marca de sua mão em meu rosto.

Ao termina com a palhaçada sai do meu quarto, não consigo segurar as lagrimas que começam a cair. Ele nunca me bateu nunca levantou a mão para mim.

Saio dos meus pensamento, pego meu caderno e meu Mp3 e vou para sacada de meu quarto e começo a escrever.

Ao termina vejo um ser me encarando na rua, limpo as lagrimas que deixei cair, me levanto para ver quem era o ser que ainda me encarava.

- Eai lindinha, quer dar uma volta?

- Espera ai que eu já desço.

Entro para o meu quarto e olho no espelho para vê se a marca do tapa ainda estava ali, bom a marca ainda estava ali, minha sorte que meu cabelo escondia. Desço sem que meu pai me veja e encontro Miguel no portão.

- Tudo bem Nat?

- Sim, sim por que não estaria.

- Ok então. Vamos ?

- Aonde?

- Você vai ver, não precisa se preocupar.

- Claro que preciso vai saber se você não quer me matar ou me sequestrar( Nada exagerada né) .

- Eu não vou. – Diz rindo da minha cara. –Posso te fazer uma perguntar?

- Você já fez. – sorrio e o mesmo me olha seriamente. – Pode !

- Por que estava chorando ?

- Eu não estava .

- Não mente Natacha eu te vi na sacada.

Olho par ele que ainda me olhava seriamente e querendo a resposta.

- Meu pai e eu discutimos e podemos dizer que ele fez algo que ele nunca fez e me magoou.... e muito. – Digo deixando lagrimas rolarem do meu rosto.

- Não fica assim lindinha. – Diz me abraçando

Depois de um longo tempo em silencio chegamos em um parque, que por sinal é muito lindo. Caminhamos um pouco e conversamos sobre o dia a dia, o dia estava tão bom que achei estranho, há tempos que não saia daquela prisão chama casa, há tempos não sentia essa sensação boa.

- Meu Deus! A gente precisa voltar. – Digo correndo e puxando Miguel.

- Calma menina pra que tanta pressa.

- Eu não posso chegar tarde em casa.

- Mas são 18:30 da tarde louca.

- Meu pai é rígido com horários, isso é como se fosse leis se eu não cumprir terei uma punição. – Digo e o mesmo começa a rir

- Não tem graça seu imbecil, se fosse por mim eu chegaria a hora que eu quisesse, mas não é, então para de rir se não quiser voltar para casa vivo.

- Tá bom, só vou parar por que eu preciso estar vivo para você minha lindinha. – Diz me deixando envergonhada.

Alguns meses se passaram e Miguel e eu nos tornamos muito próximos um do outro. Minha mãe denunciou meu pai, e hoje eles estão separados eu fico feliz por ela pois ela não precisa mais apanhar daquele monstro. Eu ainda estou fazendo minha faculdade de musica, e estarei indo para Austrália ano que vem...

Estava saindo da faculdade e vejo um ser, era Miguel que me esperava na frente da faculdade.

- Eai lindinha tudo bem? – Diz Miguel

- Oi Mih, tudo ótimo, e você como esta?

- Estou bem, falta um mês para você ir para Austrália está animada?

- Estou e muito – Digo rindo

- Quer ir tomar um sorvete comigo?

- Claro !

Fomos em uma sorveteria que tinha perto da faculdade, eu tinha pedido um sorvete de chocolate e Mih tinha pedido de flocos. Ficamos andando e resolvemos ir dar uma volta na praia. Posso dizer que depois que conheci Miguel muitas coisas em minha vida mudou é estranho eu era acostumada apenas a conversa com meu caderno, estranho não.

Estamos caminhando até que recebo uma ligação, era meu pai dizendo que minha mãe havia falecido. Não acreditei pois, ela estava tão bem, feliz e sorridente com a vida.

- Mih tenho que ir, aconteceu algo com a minha mãe depois a gente se vê ok? – Falo o deixando na praia e indo em direção ao hospital.

Chego no hospital e vejo meu pai sentado na sala de espera.

- O que aconteceu ? – Falo grossa .

- Não foi minha intenção filha juro não foi? – Falo o mesmo deixando lagrimas caírem de seu rosto.

- Como assim? Foi você?

Ele me olha com os olhos cheios de lagrimas e afirma com a cabeça.

- Meus Deus não acredito que meu pai matou minha própria mãe. – sussurro para ele não ouvir.

Não acreditava que minha mãe estava morta, para mim tudo isso era um pesadelo que não via a hora de acorda. Estou eu aqui nessa sala de espera ajoelhada no chão gelado, chorando como criança, meu pai tenta me calmar mas não consigo ficar perto dele, não quero ficar perto desse monstro que tirou a vida da minha mãe. Confesso que quero saber o que houve naquele momento, o que ele fazia perto dela? Por que ele mataria ela?

Sou tirada de meus pensamentos ao sentir alguém me abraçando, era um abraço confortante, consolador. Levanto minha cabeça para ver quem era o dono desse maravilhoso abraço.

- Miguel?

- Calma lindinha eu estou aqui, tudo vai ficar bem!

- Mih pode me tirar daqui, por favor?

- Claro lindinha. – Diz me levantando, mas é interrompido por meu pai.

- Aonde pensa que vai com a minha filha garoto?

- Eu vou sair daqui, e não te interessa aonde eu estou indo. –Digo com raiva

- Vamos Miguel.

Fomos até o mesmo parque em que ele me levou naquele dia, caminhamos em silencio, o dia estava acabando e ainda não tínhamos trocado uma palavra se quer, até que chegamos em uma parte do parque que nunca tínhamos ido é mais lindo ainda, era um lugar com algumas arvores com flores, uma trilha de terra.

- An.. Nat juro que não sei o que te falar nesse momento, sei que é difícil passar por essa perda mas... – Diz e logo me beija sem ao menos terminar o que iria dizer.

- Nat eu gosto de você! Sei que esse não é um momento certo para eu dizer, eu não aguento mais guardar isso dentro de mim.

- Eu..Eu também gosto de você.

- Então... Quer namorar comigo?

- Sim. – Digo e logo o mesmo me beija

Sei que não estávamos em um momento bom para isso...

Passa alguns meses e eu passei no teste para minha faculdade de musica, e estarei indo para Austrália mês que vem. Contei para Miguel, e acho que ele já esta de saco cheio de me ouvir falar sobre a Austrália.


 
 
 

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