Um dia quase normak
- Bruna Luiza Forato
- 21 de jun. de 2016
- 3 min de leitura

Eu não faço nenhuma ideia de como começar a contar esse história que aconteceu alguns dias atrás, ela vai parecer simples para muitos, mas esse dia foi muito importante para mim.
Então sem mais enrolação, vamos ao que interessa.
Eu acordei com aquele barulho nos meus ouvidos, como sempre, malditas obras que nunca acabam, eu realmente não entendia porque estavam construindo outro shopping, já existiam uns dez na cidade. Mas como sempre eu não podia fazer nada para mudar aquilo, então fui trabalhar.
Aquele hospital estava um caos, parecia até que toda a cidade tinha decidido adoecer no mesmo dia, e como eu era a única ortopedista de plantão, os casos mais graves sobraram para eu resolver.
Depois de atender mais de dez pessoas, eu sai do consultório para tomar um ar, quando passei pela sala de espera, parecia que nada tinha mudado, ainda tinha um monte de pessoas esperando, pelo jeito eu ainda ficaria la por muito tempo.
Passei a madrugada no hospital, e nada de acabar o número de pessoas esperando para será serem atendidas, eu estava exausta, não havia parado de atender em nenhuma momento, não estava aguentando mais atender pessoas com casos praticamente iguais, dores no corpo ou pé inchado.
De repente começou uma gritaria lá na recepção, eu como curiosa que sou, fui verificar, era uma criança no colo da sua mãe, a criança devia ter uns três anos ou menos, ela chorava desesperadamente e apontava para o pé que estava horrivelmente inchado e roxo. A mãe estava completamente desesperada, e além de estar nervosa pela filha, estava brigando com a moca da recepção (que, aliás, me irritada profundamente, alguém poderia estar morrendo e ela mandava sentar e esperar sua vez) e foi exatamente isso que mandou a senhora fazer com a sua filha, sentar e esperar.
Ver aquilo me deixou preocupada então fui até lá e chamei elas para serem atendidas no meu consultório. Elas entraram e então comecei as perguntas que todos os médicos fazem em uma situação dessas:
- O que aconteceu com ela?
- Ela estava brincando, então aproveitei para lavar roupa, logo que sai da sala, ela começou a gritar meu nome, quando voltei vi que ela tinha caído do sofá e machucado o pé, dei um remédio para ela e no momento achei que não era nada demais, ela ficou deitada na sua cama o resto do dia, e adormeceu ali mesmo, então aproveitei o silêncio, me deitei também, e dormi. Acordei no dia seguinte e fui ver como ela estava, e quando vi sua perna, roxa e inchada, corri para cá no mesmo instante.
- Bom, vou passar um exame de raio-x para ela fazer, e alguns remédio para ela tomar na veia, para aliviar as dores, quando sair o resultado do exame, voltem aqui e vamos ver o que fazer.
- Então tá doutora, obrigada.
Fiquei pensando naquela mãe o resto do dia, tenho uma filha daquela idade, e não posso nem imaginar estar naquela situação, vendo minha filha machucada daquele jeito. Estava muito preocupada com o que os exames poderiam mostrar.
Estava me preparando para ir embora porque meu plantão havia acabado, até que alguém bateu na porta, eram as duas, a mãe estava bem mais tranquila porque sua filha estava dormindo e aparentemente estava sem dor. Ela carregava o exame na mão, me entregou e falou:
- Diz, por favor que é só uma luxação.
- Espero que seja, vamos ver.
Abri o exame, e o observei, estava tudo normal, mas acho que era mesmo uma luxação, um peso saiu das minhas costas, naquele momento, odiaria ter que dar más notícias para aquela mãe mas graças a Deus esse não era o caso.
- Ótimas notícias!
Na hora que eu falei isso, um sorriso se abriu no rosto dela, e aquele sorriso valeu todas aquelas horas naquele hospital.
- Não é nada grave, vou ter que mandar encaixar o pé dela, mas daqui alguns dias vai estar tudo normal.
- Nossa, eu nem acredito que está tudo bem, muito obrigada mesmo.
Depois, fui embora para casa, estava muito feliz, por ter ajudado várias pessoas. E o momento mais esperado enfim chegou, ver a minha filha denovo depois de vinte e quatro cansativas horas naquele hospital, mas junto veio também o barulho das horas que parecia nunca acabar, mas pensando bem aquilo não era nada de mais.
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