Sai da frente!
- Matheus Paixão
- 24 de jun. de 2016
- 4 min de leitura

— SAI DA FRENTE! — gritava Matheus andando de skate. Ele se distraiu conversando com igão quando na sua frente passava uma garota carregando vários livros. Mas tinha percebido ela tarde demais. Quando reparou estava caído no chão e ao seu lado a garota meio perdida debaixo de tantos livros. Seu skate havia parado no pé da escada, pois estava tentando pular o corrimão. — Não ouviu eu pedir pra sair da frente não, hein?! — Você acha que dava tempo? Estava cheia de livros na mão e você avisa quando está bem perto de mim. Tinha que ser um skatista sem noção mesmo... — Sem noção é você, besta! Matheus se levantou e pegou o skate. Ao olhar pra ela percebeu que o tornozelo da garota estava inchado. — Ei, seu tornozelo parece estar inchado... — Parece não, ESTÁ inchado. Não consigo me levantar. Dói muito. — Sua casa fica aonde? — Aqui perto, ao lado do trailer que vende lanches. Nesse momento Matheus chamou igão. — O que foi? Que tombo lindo, hein! Pena que não tava filmando agora... — falou igão dando risada daquela cena. — Cala a boca e pega os livros. — Mas, por que você não pega? — Eu vou ajudar a garota aqui a se levantar, ô idiota. — Idiota é você! — Com licença, se não for incomodar... Tem uma garota precisando de ajuda aqui! — ela falou choramingando. — Ops... desculpa. igão arrumou a pilha de livros e carregou, enquanto Matheus se abaixou e pegou a garota. E foram os três andando. — E qual é seu nome? — Gabriella. E o de vocês? — O meu é Matheus. O desse mamute carregando livros é igão. — Olá, igão. — Oi. — Matheus, minha casa é essa azul. — igão, toca a campainha. — Como? Se eu soltar aqui vai cair tudo. — Deixa que eu toco. Gabriella tocou a campainha. Sua mãe havia atendido a porta. — Gabriella! O que aconteceu, princesinha? — Sem querer me esbarrei nesse skatista, mas ele foi solidário e me ajudou. Mãe, me leva no regional. meu tornozelo está inchado. — Claro, filha. Matheus colocou Gabriella no sofá e igão deixou os livros em cima da mesa. Depois saíram sendo acompanhados pela mãe de gabriella. — Obrigada, meninos, nem sei como agradecer. — Que nada, Sra., era nosso dever... — falou matheus fazendo uma cara de herói. — Tchau, meninos. — Tchau, Sra; tchau, Gabriella. — Tchau, matheus — Matheus se despediu acenando de leve para ela. — Tchau, skatista palerma. Matheus e igão seguiram para suas casas. Matheus pegou seu skate e se despediu de igão. — Fala pro indio que amanhã vamos andar de skate de novo as 17:00 horas. — Tá certo. Valeu mano. — valeu. Após chegar em casa todo suado e sujo, Matheus arranca suas roupas e se joga em baixo do chuveiro, como uma planta que não vê água a dias. Mais tarde, com a fome de três leões ele vai até a cozinha, separa duas fatias de pão em um prato raso, e abre a geladeira a procura de algo que possa lhe servir de recheio. Se deita em sua cama, cansado, com sono e sem disposição nenhuma. Bom, ele arranjou uma certa disposição para pensar em seu dia. Em como ele havia sido longo. Aproveitou também para pensar naquela garota, pensar como havia sido bom a sua queda naquele exato momento. Adormeceu, com vários pensamentos frescos na mente. Acordou atrasado para variar. Se é que pode se chamar de atraso, quando já virou rotina. Pulou dentro de uma roupa qualquer. Colocou o mesmo boné, escondendo seus cabelos cacheados. E percorreu o mesmo caminho que fazia todos os dias até sua escola. Mas ele não sabia que esse caminho, nunca mais seria o mesmo, depois de um simples tombo. Estava andando apressado na rua de frente a uma pista de skate, pista onde ele tinha trombado com uma garota e derrubado os dois. Quando de repente escuta, uma voz o chamando: -Ei! Me espera! Olha de um lado para o outro a procura de alguém. Mas só percebe que não esta sozinho na rua quando avista uma garota, também apressada, acenando para ele como se fossem amigos de infância. Olha ao redor para ver se ela esta realmente falando com ele. Estava muito claro atrás dela, e ela ainda era apenas um borrão. Uma silhueta. Começa a focar o seu rosto a medida que ela se aproxima. E só quando ela esta a uns 5 metros dele, que ele responde, meio bobo. -Ah! Oi! Tudo bem? Como esta o seu tornozelo? Esta melhor? -Esta sim! Obrigada por se preocupar, mas não foi nada demais. -Responde a garota com quem ele havia trombado um dia antes. -Olha, me desculpa por ontem. Não sei onde eu estava com a cabeça. Eu realmente não tinha te visto... -Calma, calma. Esta tudo bem! -Ela o interrompe, com um sorriso bem amigável no rosto. Os dois seguem um bom pedaço do caminho em silêncio. Até chegarem a escola, onde se despedem e vão cada um para um lado. Passam a aula pensando um no outro, mal esperando a hora de o sinal tocar e eles poderem se reencontrar para voltarem para casa juntos. Dito e feito. E essa não foi a ultima vez. Passaram dias assim, todo dia iam e voltavam da escola juntos, conversando, sobre tudo. Dias. Semanas. Meses. 4, para ser específico. 4 meses juntos, 4 meses compartilhando idéias, gostos e culturas. Mas para ele, não era suficiente. Ele não queria Gabriella só como amiga, muito menos como uma super amiga. Ele queria mais. Ele via mais para eles. E não era muito diferente para ela. Ela o adorava, o amava. Então, Matheus como um bom rapaz, culto (só as vezes),decidiu levá-la ao cinema. Mas o que Gabriella não esperava, era a fala no final do filme. Mas não de nenhuma personagem. A fala de Matheus. -Namora comigo!? Óbvio que essa frase, veio recheada de outras, fofas, carinhosas, envergonhadas. Que não convém as repetir agora. -Namoro. -Foi a única coisa que a garota, toda boba, corada e muito envergonhada, conseguiu dizer. Feliz com a resposta obtida, os dois sorriem. Na verdade sorriem muito. Até do vento para ser sincero. Mas não acaba aqui. Esse é só o começo dessa história!
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